Hoje o
desktop, a
área de trabalho, é a coisa mais
natural do mundo - não podemos começar a
operar o computador até vê-lo. Mas já pensaram no que realmente
é o
desktop?
Quando Engelbart apresentou ao mundo a interface gráfica, ou
GUI (do inglês,
Graphical User Interface), ele demonstrou, na verdade, um
modo de
sintetizar, funcional e semanticamente, os complexos
comandos escritos em
representações gráficas e
iconográficas - ou seja, a
possibilidade de se
compor uma interface a partir destas representações.

Aquele que
explorou esta possibilidade foi
Alan Kay (fotografia ao lado), do Stanford Research Institute (SRI). Além de desenvolver a capacidade de
sobreposição de janelas (um passo de importância incomensurável para a consolidação das
GUIs), Kay encontrou uma forma de
organizar e
materializar uma infinidade de
bits (a informação) de modo que pudéssemos, de fato,
entendê-la e, deste modo,
interagir mais intuitivamente: a
metáfora do desktop. A tela então passou a ser uma
escrivaninha na qual
papéis (janelas) sobrepunham-se e alternavam-se conforme sua utilização pelo usuário. Enquanto metáfora, é óbvio que a
relação que o usuário tem a área de trabalho de seu computador
não é a mesma que tem com sua escrivaninha - como não trata seu
mouse como um rato. A metáfora do
desktop é eficaz porque cumpre sua função de
estimular relações de remetimento pelas quais o usuário (principalmente o leigo) se
aproxima mais da experiência computacional; por simples
associação, se torna quase óbvio que um arquivo estivesse contido em uma pasta e que você pudesse, a qualquer momento, arrastar esta última e mudá-la de lugar na sua área de trabalho - assim como vira natural arrastar um arquivo de uma pasta para outra para movê-lo. As pequenas ilustrações de pastas faziam os usuários
lembrarem de pastas "reais", mesmo não
funcionando exatamente como tais; foi isso que fez a metáfora tão
forte e bem sucedida.

O
desktop de Kay (imagem da patente à direita) teve seu
ápice na a
daptação\aprimoramento feita para o
Macintosh, com seus menus, ícones e pastas que constituíram um
padrão que as interfaces gráficas computacionais seguem até hoje. E, salvaguardando algumas mudanças
conceituais ínfimas (e uma série de mudanças
estéticas até significativas), as
GUIs que conhecemos hoje ainda são
as mesmas que surgiram nos anos 80, não houve nenhuma mudança em seu conceito.
Vemos hoje que o
3D já invande as áreas de trabalho convencionais. Graças ao crescente desempenho das
placas gráficas (
GPUs), a última
tendência em
desktops hoje são os "toques" em terceira dimensão - não uma completa transformação da área de trabalho, e sua manipulação, para três dimensões, mas apenas
alguns elementos, com os alternadores de aplicativos. No
Linux, a
maior referência é o
Compiz Fusion, que tem uma gama de recursos de visualização (e operação) do desktop em 3D, como já falei
anteriormente; no
Mac temos uma sério de efeitos de minimização de janelas, entre outros, e recursos como o
Exposé; e (até) o Windows
Vista ganhou o
Aero, com suas janelas transparentes e o
Alt+Tab turbinado.
O Bumptop e o Shock Desktop 3D tornam possível organizar seus arquivos e aplicações no seu desktop totalmente em três dimensões.
Mas, mesmo com
múltiplas áreas de trabalho dispostas em forma de
cubo (ou
cilindro),
janelas transparentes,
janelas instáveis,
alternadores de aplicativos com thumbnails animadas, e tudo mais de 3D que um desktop possa ter (como o vídeo acima),
não se enganem. No fundo, ele é o
desktop de Alan Kay.
Referências: Reimagining the Future of Your Desktop, in 3D.
Leituras adicionais: A síndrome do déficit de atenção e as interfaces gráficas.
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