O Altcore agora é Intermídias!

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O Altcore deu lugar a um novo blog, confira. O Intermídias é um espaço para se perceber, analisar e discutir as mudanças que as inovações tecnológicas, e os próprios os meios digitais, trazem à comunicação – em especial à prática publicitária.

O bêabá do design: o que é fundamental para o encaminhamento de um projeto?

Qual é o primeiro passo a ser dado quando um projeto de diagramação editorial cai em suas mãos?

Bem, essa é a pergunta que Bárbara Tércia, designer gráfica formada pela Escola de Comunicação e Arte da Universidade de São Paulo, tentou, com êxito, responder em uma aula ministrada especialmente para a disciplina Programação Visual.


Antes de responder esta ou qualquer outra pergunta, se faz necessário definir o termo “diagramar”. Diagramar, ou paginar, é o ato de distribuir elementos gráficos em um determinado espaço. O conceito é aplicado hoje não só a impressos (como panfletos, cartazes, jornais, revistas e livros), mas a qualquer mídia na qual o apelo visual seja fundamental, como a internet e a televisão.

Após este esclarecimento primeiro, podemos agora partir para o primeiro passo a ser dado em um projeto de diagramação: obter todos os textos e imagens a serem diagramados. Obviamente, o dever se produzir estes materiais, fundamentais para o projeto, não é do designer, mas é preciso averiguar a qualidade deles para assegurar-se da qualidade final do seu trabalho – não adianta uma diagramação extremamente bem executada se existem erros de português nos escritos ou as fotos estão com resolução pequena (ou simplesmente são desinteressantes). Rapidamente, a designer destacou de maneira simplista os dois tipos de imagem que existem nos meios digitais: a fotografia (bitmap) e a ilustração – ressaltando ainda que, no segundo tipo, podemos encontrar ainda duas subcategorias: a ilustração escaneada, que tem propriedades semelhantes a uma fotografia, e a vetorizada, que é desenhada matematicamente, o que garante sua qualidade seja qual for o tamanho em que ela se encontre.

O segundo passo é a aplicação do briefing no cliente. Mas, o que é o briefing? Ele é uma ferramenta que possibilita a passagem de informações do cliente para o designer de forma sistematizada – digamos que seria uma maneira de formalizar, ou melhor, normatizar o processo criativo. E por que é necessário impor uma espécie de organização (mesmo que reduzida) a algo tão caótico como a criação? Simplesmente porque um briefing devidamente aplicado pode poupar (re)trabalho e evitar uma série de problemas durante o desenvolvimento do projeto. O documento denominado briefing contém a descrição detalhada do produto para o qual o projeto está sendo feito: suas características, seus objetivos, o perfil do seu público-alvo, sua imagem no mercado, seus problemas e outras informações imprescindíveis para iniciar o processo de planejamento gráfico – baseado num objetivo, que pode ser desde buscar confluência do design com a realidade do produto até galgar soluções para a aceitação deste produto, identificando suas deficiências e re-pensando seu apelo ao consumo. A definição do público-alvo, um dos componentes do briefing, é essencial para a criação do projeto. A partir dela, determinam-se também elementos básicos como tamanho do papel, tamanho da letra, a possibilidade (ou não) de maior exploração das imagens e formas, entre outros. Para exemplificar a vital importância do público na formatação do projeto, Bárbara utilizou a revista Piauí, cujo formato ergonômico do papel e tamanho diminuto das letras são próprios, respectivamente, da sua situação de consumo e da faixa etária do seu público-alvo – segundo ela, a revista é feita para ser lida demoradamente, com maior apoio e nas mais diversas posições (como sentado ou deitado), hábitos típicos de jovens, principais consumidores da publicação.

Em posse dessas informações, o terceiro passo é pensar no formato do projeto. Para tanto, é necessário levar em conta aspectos (contidos no briefing), como a distribuição do produto, seu volume de conteúdo, diferencial ante a concorrência e, principalmente, a usabilidade (caráter prático) e a situação á qual serve – para tanto, recorre-se, mais uma vez, ao exemplo da Piauí, que tem seu formato próprio para sua situação de consumo, que seria diferente se a publicação se caracterizasse como um guia cultural. Existem duas famílias primordiais de papel: a A (mais usada) e a B. Quando um projeto é dimensionado com base nos tamanhos derivados dessas famílias (como A4 e A3, bastante comuns) o aproveitamento do papel é máximo, evitando
assim desperdício de material e custos desnecessários com seu corte.
O planejamento gráfico em si é o quarto passo a ser efetuado. É preciso, primeiramente, fazer um rascunho do projeto (a mão), organizando idéias e elementos do design num papel – já com o formato definitivo. A diagramação de uma publicação deve constituir e, posteriormente, seguir determinações que a conferem unicidade – seu diferencial (gráfico) quando comparada a qualquer outro produto de mesma espécie – e mantenham uma identidade em todas as suas edições. É imprescindível ter internalizado que os elementos da composição gráfica devem servir às informações que esta, como um todo, tem como objetivo transmitir – a atenção deve ser direcionada ao texto e, no máximo, às imagens, não à composição gráfica em si. Dentre os fundamentos da diagramação é necessário prezar sempre pela a hierarquia tipográfica e a legibilidade, responsáveis pela fluidez do fluxo das informações baseada numa organização dos elementos visuais que torna a leitura mais fácil e compreensível.

Não há então mais passos, pois, a partir de agora, é preciso apenas usar sua criatividade e sua habilidade em programas de editoração gráfica, o que nenhuma aula ou apresentação pode ensinar.

2 comentários:

Camila Queiroz disse...

muito bom ian! :)

Ian Castro disse...

Fique a vontade para usar na "manualização" do núcleo de criação se você quiser :)

Beijão!