É até um pouco difícil imaginar isso hoje em dia, mas há 11 anos atrás era legal possuir um Mac "genérico" - nos entendamos, legal aí está no sentido de regulamentação jurídica: a Apple permitia que outras empresas, tais como a Motorola e a DayStar, fabricassem máquinas nas quais podia-se rodar o Mac OS. Só que sabemos muito bem que custo, mesmo no auge de um sistema capitalista predominantemente simbólico, prevalece sobre marca, e foi exatamente isso que fez os "Mac clones" virassem concorrentes direitos, e perigosos, para a Apple. Enfim, em 1997, Jobs retornou à Apple e como uma das principais medidas do seu regime ditatorial, proibiu que o Mac OS fosse utilizado em qualquer outro conjunto de hardware senão os da empresa. Está presente, então, no licenciamento do Software da Apple, para o Mac OS X, a seguinte afirmação:
“Esta licença permite-lhe instalar, usar e rodar uma cópia do software Apple em um único computador da marca Apple de cada vez. Você concorda em não instalar, usar ou rodar o software da Apple em nenhum computador que não seja da marca Apple ou permitir que outros o façam.”
Mas um empresa estadunidense chamada Psystar resolveu peitar a Apple e trazer ao mercado uma máquina , inicialmente denominada OpenMac, que emula o firmware EFI e faz com que ela seja, segundo a fabricante, perfeitamente compatível Mac OS X Leopard; isso num processador Intel Core 2 Duo E4500 de 2,2 GHz, 2 GB de memória RAM DDR2, 250GB de disco rígido, placa de vídeo integrada Intel GMA 950 e drive DVD+/-R. Uma máquina com essas configuração não estaria disponível em nenhuma Apple Store por 399 dólares...
O OpenMac se coloca no mercado como uma solução "alternativa", mas barata e flexível, para os Macintoshes: é possível atualizar vários de seus componentes, inclusive a placa de vídeo, que, por apenas 155 dólares a mais, pode se transformar numa nVidia GeForce 8600GT de 512MB - coisa que custa bem caro ou simplesmente não existe em determinadas máquinas Apple, com o Mac Mini. E o mais engraçado é que na página do Open Computer (nome atual do computador) existem várias provocações "revoltosas" para a Apple; uma delas: "Porque gastar $1999 para adquirir o computador Apple com um placa de vídeo decenete de menos custo quando você pode pagar menos de um quarto disso por um computador montado, pequeno e bonito, com o mesmo hardware."
A Psystar parece não ter medo algum da fúria judicial da Apple. Em seu site, ela alega que se o consumidor adquirir o Mac OS X Leopard junto com seu "OpenMac" ele será pré-instalado na máquina para o computador poder ser usado assim que for retirado da caixa (marca registrada da Apple).
A Psystar simplesmente leu o parágrafo do Termo de Licença do Usuário Final (EULA), que eu citei aqui no início do artigo, e, praticamente, disse: dane-se. Um funcionário da empresa, em entrevista com a InformationWeek, alegou que a idéia da Psystar é bater de frente com a Apple sim, e, se preciso, entrar com uma ação contra o EULA do Mac Os X Leopard; e o mais inacreditável: eles estão confiantes!
E mais: o entrevistado ainda afirmou que a empresa continuará a vender seu produto com o sistema da Apple pré-instalado, exatamente como foi anunciado, mesmo violando as determinações do seu criador. “Não estamos quebrando nenhuma lei”, disse o funcionário.
E, de fato, foi constatado que o contrato EULA da Apple realmente não se enquadra em nenhuma lei - o que dá combustível para inúmeras discussões.
Mas temos que admitir que a OpenMac é um baita Hackintosh...
Referências: Psystar vende ‘clone do Mac’ por US$ 399, OpenMac: a volta dos clones de Macs?, The Macintosh for the rest of us: pega, Jobs, pega!, 'OpenMac' Promises $399 Headless Mac... But Not From Apple e página oficial da PsyStar Corporation.
Leituras adicionais: Psystar poderá ir à justiça contra a Apple e seus termos de uso do Mac OS X Leopard.
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